A Ética Espírita – Parte 1
A Ética Espírita - parte 1
Publicado originalmente em 7 de março de 2008
Por Acauan
A ética espírita é uma hipotética dinâmica cósmica na qual a providência divina, o livre arbítrio espiritual e o tempo interagem na cadeia de eventos da existência de modo a garantir que todos os espíritos criados igualmente simples e ignorantes evoluam até se tornar, todos, espíritos igualmente puros e perfeitos, quando desfrutarão de uma felicidade suprema e eterna.
Nesta dinâmica cósmica, a providência divina estabelece e sustenta a ordem metafísica, as regras do jogo, como a lei do karma — que determina que os espíritos devam passar por várias encarnações para expiar antigos erros e aprender — e a lei do progresso, segundo a qual os espíritos podem evoluir ou estacionar moralmente, mas nunca regredir.
Seguindo seu livre arbítrio, cada espírito submete-se ou não a esta ordem metafísica, às regras do jogo. Os que se submetem progridem mais rápido que os que não e alcançam em menor tempo a felicidade da perfeição.
O propósito final da dinâmica cósmica é dar à existência um sentido de justiça universal, erigida da igualdade e do mérito, conforme todos os espíritos devam se submeter à mesma ordem metafísica para progredir e alcançar a felicidade da perfeição.
Esta justiça universal resolveria questões em aberto de outras filosofias e teologias morais:
O problema do Mal — por que um Deus bom permite o mal;
A conciliação entre soberania divina e livre arbítrio humano;
As injustiças da vida — por que algumas pessoas nascem condenadas a uma vida de miséria, doença e sofrimento, enquanto outras levam uma existência tranqüila e prazerosa, por que coisas ruins acontecem a pessoas boas, por que pessoas ruins se dão bem no final etc.
Segundo o espiritismo:
Deus permite o mal como decorrência da ignorância primitiva na qual os espíritos foram criados, como pré-requisito para o exercício do livre arbítrio e para estabelecer os méritos individuais dos espíritos que, de livre arbítrio, optam pelo bem.
A soberania divina e o livre arbítrio humano se conciliariam pela vigência da dinâmica cósmica que faz com que o resultado final das decisões individuais tomadas de livre arbítrio seja o encaminhamento de todos os espíritos para a perfeição e felicidade, no tempo justo a cada um.
As injustiças da vida seriam provações necessárias ao aprendizado e evolução do espírito e expiação de faltas passadas. Dentro da dinâmica cósmica as tais deixariam de ser injustas, pois a seqüência de reencarnações tanto pode estabelecer uma igualdade geral entre as existências individuais — quem foi pobre, doente ou sofredor em uma vida pode ser rico, saudável e afortunado em outra e vice-versa, quanto os que porventura passam por mais experiências ruins do que boas poderiam aprender e evoluir mais rápido espiritualmente, reduzindo o tempo requerido para alcançar a felicidade da perfeição.
Muitos adeptos do espiritismo o são por tomar como satisfatórias as proposições acima, vendo nelas explicações melhores para estas questões do que as dadas por outras filosofias ou teologias morais.
Nem sempre esta adesão e satisfação passam pelo crivo de uma análise mais metódica da coerência intrínseca e extrínseca das proposições. No mais das vezes pesa mais o alívio emocional do acreditar ter encontrado as respostas pelas quais se ansiava, do que a certeza racional de tê-las provadas verdadeiras.
Uma análise inicial da dinâmica cósmica que fundamenta a ética espírita demonstra contradições e lacunas, no mínimo tantas e tão sérias quanto às das outras filosofias e teologias morais no que se refere às questões propostas do problema do mal, livre arbítrio e injustiças da vida.
Um primeiro problema é quando o espiritismo associa o mal à ignorância. Admitida esta associação direta e exclusiva, o espírito ao longo do tempo se afastaria do mal na medida em que aprende e avança na dinâmica cósmica, até livrar-se dele por completo, por conta de ter aprendido o suficiente para tal.
Ora, a ignorância por si só não é boa ou má. É moralmente neutra. Escolhas morais só se definem quando há consciência delas.
Nas teologias judaica e cristã esta consciência moral é simbolizada pelo fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, antes da tomada do qual o pecado não poderia existir.
O Livro dos Espíritos diz que os espíritos foram criados com igual aptidão, tanto para o bem, quanto para o mal e que os maus o são por vontade própria.
Ocorre que se os espíritos recém criados são plenamente ignorantes das questões morais e dotados de igual aptidão para o bem ou para o mal, diante de uma decisão moral se encontrariam inevitavelmente em um impasse imobilizador.
Não poderiam julgar questões morais a partir do seu próprio conhecimento, limitados que seriam pela tábula rasa de si próprios, e não poderiam reagir intuitiva ou instintivamente, dada a equivalência de aptidões para o bem ou para o mal.
Um espírito com estas características, totalmente ignorante e moralmente neutro seria incapaz de tomar decisões morais.
O Livro dos Espíritos diz que outros espíritos ignorantes são capazes de influenciar os de seu nível ou abaixo para o mal.
Além do já exposto que ignorância não é sinônimo de maldade, fica a questão de quem influenciaria estes espíritos ignorantes que influenciariam os outros. Não há como resolver o problema sem uma regressão infinita, incompatível com a dinâmica cósmica que parte do princípio que os espíritos são criados.
Outra contradição pode ser identificada no conceito de hierarquia moral que os espíritos estabeleceriam entre si conforme progridem na dinâmica cósmica.
O Livro dos Espíritos descreve esta hierarquia em três ordens e dez classes, com ressalvas quanto a esta divisão não ser absoluta.
Na base estariam os espíritos impuros da décima classe, com o status moral análogo ao dos demônios, e no topo os espíritos puros e perfeitos de primeira ordem e primeira classe.
A contradição está em que se a lei do progresso impede os espíritos de regredir, temos que nenhum espírito poderia apresentar um status moral inferior àquele em que foi criado — simples, ignorante e igualmente apto ao bem ou ao mal.
Porém a descrição feita dos espíritos de décima ordem fala de seres inclinados ao mal, aos vícios, às paixões degradantes, que fazem o mal por prazer e ódio ao bem.
É claro que tais seres estão moralmente muito abaixo do que se poderia chamar de espíritos simples e ignorantes, igualmente aptos para o bem ou para o mal.
Assim, ou alguns espíritos recém criados que deveriam ser moralmente neutros em sua ignorância primitiva degeneram para uma condição moral análoga à demoníaca, violando a lei do progresso, ou os espíritos humanos são criados na condição moral análoga à demoníaca, violando o princípio de ser na origem simples e ignorantes.
Além disto, se todos os espíritos são criados iguais e se os de décima ordem são inclinados ao mal, de onde vem esta inclinação? Não se pode dizer que do livre arbítrio, pois se todos os espíritos são criados igualmente ignorantes e com iguais aptidões morais seria de se esperar que seu uso do livre arbítrio apresentasse as mesmas inclinações. A explicação da influência de outros espíritos inferiores também pode ser descartada como exposto acima, dado requerer uma regressão infinita para se sustentar.
Qual seria então o fator diferenciador que levaria alguns espíritos originalmente ignorantes e aptos tanto para o bem quanto para o mal a inclinar seu livre arbítrio para o mal, com a intensidade perversa relatada na descrição dos espíritos de décima classe, enquanto outros criados na mesma condição não o fazem?
Uma explicação possível seria que estes espíritos possuíssem vocação inata para o mal, teriam sido criados com ela, o que contraria o princípio da igualdade original na criação e derruba um dos pilares da justiça universal da dinâmica cósmica espírita que é justamente a igualdade geral das existências individuais, uma vez que alguns espíritos já seriam na origem melhores do que outros.
Outra é que esta queda para o mal é feita de modo completamente aleatório, com o espírito optando por este caminho a partir de decisões tomadas na cegueira de sua ignorância moral primitiva, o que implicaria que o acaso interfere na evolução dos espíritos, o que também contraria a dinâmica cósmica, como definida.
Publicado originalmente em 7 de março de 2008
Por Acauan
A ética espírita é uma hipotética dinâmica cósmica na qual a providência divina, o livre arbítrio espiritual e o tempo interagem na cadeia de eventos da existência de modo a garantir que todos os espíritos criados igualmente simples e ignorantes evoluam até se tornar, todos, espíritos igualmente puros e perfeitos, quando desfrutarão de uma felicidade suprema e eterna.
Nesta dinâmica cósmica, a providência divina estabelece e sustenta a ordem metafísica, as regras do jogo, como a lei do karma — que determina que os espíritos devam passar por várias encarnações para expiar antigos erros e aprender — e a lei do progresso, segundo a qual os espíritos podem evoluir ou estacionar moralmente, mas nunca regredir.
Seguindo seu livre arbítrio, cada espírito submete-se ou não a esta ordem metafísica, às regras do jogo. Os que se submetem progridem mais rápido que os que não e alcançam em menor tempo a felicidade da perfeição.
O propósito final da dinâmica cósmica é dar à existência um sentido de justiça universal, erigida da igualdade e do mérito, conforme todos os espíritos devam se submeter à mesma ordem metafísica para progredir e alcançar a felicidade da perfeição.
Esta justiça universal resolveria questões em aberto de outras filosofias e teologias morais:
O problema do Mal — por que um Deus bom permite o mal;
A conciliação entre soberania divina e livre arbítrio humano;
As injustiças da vida — por que algumas pessoas nascem condenadas a uma vida de miséria, doença e sofrimento, enquanto outras levam uma existência tranqüila e prazerosa, por que coisas ruins acontecem a pessoas boas, por que pessoas ruins se dão bem no final etc.
Segundo o espiritismo:
Deus permite o mal como decorrência da ignorância primitiva na qual os espíritos foram criados, como pré-requisito para o exercício do livre arbítrio e para estabelecer os méritos individuais dos espíritos que, de livre arbítrio, optam pelo bem.
A soberania divina e o livre arbítrio humano se conciliariam pela vigência da dinâmica cósmica que faz com que o resultado final das decisões individuais tomadas de livre arbítrio seja o encaminhamento de todos os espíritos para a perfeição e felicidade, no tempo justo a cada um.
As injustiças da vida seriam provações necessárias ao aprendizado e evolução do espírito e expiação de faltas passadas. Dentro da dinâmica cósmica as tais deixariam de ser injustas, pois a seqüência de reencarnações tanto pode estabelecer uma igualdade geral entre as existências individuais — quem foi pobre, doente ou sofredor em uma vida pode ser rico, saudável e afortunado em outra e vice-versa, quanto os que porventura passam por mais experiências ruins do que boas poderiam aprender e evoluir mais rápido espiritualmente, reduzindo o tempo requerido para alcançar a felicidade da perfeição.
Muitos adeptos do espiritismo o são por tomar como satisfatórias as proposições acima, vendo nelas explicações melhores para estas questões do que as dadas por outras filosofias ou teologias morais.
Nem sempre esta adesão e satisfação passam pelo crivo de uma análise mais metódica da coerência intrínseca e extrínseca das proposições. No mais das vezes pesa mais o alívio emocional do acreditar ter encontrado as respostas pelas quais se ansiava, do que a certeza racional de tê-las provadas verdadeiras.
Uma análise inicial da dinâmica cósmica que fundamenta a ética espírita demonstra contradições e lacunas, no mínimo tantas e tão sérias quanto às das outras filosofias e teologias morais no que se refere às questões propostas do problema do mal, livre arbítrio e injustiças da vida.
Um primeiro problema é quando o espiritismo associa o mal à ignorância. Admitida esta associação direta e exclusiva, o espírito ao longo do tempo se afastaria do mal na medida em que aprende e avança na dinâmica cósmica, até livrar-se dele por completo, por conta de ter aprendido o suficiente para tal.
Ora, a ignorância por si só não é boa ou má. É moralmente neutra. Escolhas morais só se definem quando há consciência delas.
Nas teologias judaica e cristã esta consciência moral é simbolizada pelo fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, antes da tomada do qual o pecado não poderia existir.
O Livro dos Espíritos diz que os espíritos foram criados com igual aptidão, tanto para o bem, quanto para o mal e que os maus o são por vontade própria.
Ocorre que se os espíritos recém criados são plenamente ignorantes das questões morais e dotados de igual aptidão para o bem ou para o mal, diante de uma decisão moral se encontrariam inevitavelmente em um impasse imobilizador.
Não poderiam julgar questões morais a partir do seu próprio conhecimento, limitados que seriam pela tábula rasa de si próprios, e não poderiam reagir intuitiva ou instintivamente, dada a equivalência de aptidões para o bem ou para o mal.
Um espírito com estas características, totalmente ignorante e moralmente neutro seria incapaz de tomar decisões morais.
O Livro dos Espíritos diz que outros espíritos ignorantes são capazes de influenciar os de seu nível ou abaixo para o mal.
Além do já exposto que ignorância não é sinônimo de maldade, fica a questão de quem influenciaria estes espíritos ignorantes que influenciariam os outros. Não há como resolver o problema sem uma regressão infinita, incompatível com a dinâmica cósmica que parte do princípio que os espíritos são criados.
Outra contradição pode ser identificada no conceito de hierarquia moral que os espíritos estabeleceriam entre si conforme progridem na dinâmica cósmica.
O Livro dos Espíritos descreve esta hierarquia em três ordens e dez classes, com ressalvas quanto a esta divisão não ser absoluta.
Na base estariam os espíritos impuros da décima classe, com o status moral análogo ao dos demônios, e no topo os espíritos puros e perfeitos de primeira ordem e primeira classe.
A contradição está em que se a lei do progresso impede os espíritos de regredir, temos que nenhum espírito poderia apresentar um status moral inferior àquele em que foi criado — simples, ignorante e igualmente apto ao bem ou ao mal.
Porém a descrição feita dos espíritos de décima ordem fala de seres inclinados ao mal, aos vícios, às paixões degradantes, que fazem o mal por prazer e ódio ao bem.
É claro que tais seres estão moralmente muito abaixo do que se poderia chamar de espíritos simples e ignorantes, igualmente aptos para o bem ou para o mal.
Assim, ou alguns espíritos recém criados que deveriam ser moralmente neutros em sua ignorância primitiva degeneram para uma condição moral análoga à demoníaca, violando a lei do progresso, ou os espíritos humanos são criados na condição moral análoga à demoníaca, violando o princípio de ser na origem simples e ignorantes.
Além disto, se todos os espíritos são criados iguais e se os de décima ordem são inclinados ao mal, de onde vem esta inclinação? Não se pode dizer que do livre arbítrio, pois se todos os espíritos são criados igualmente ignorantes e com iguais aptidões morais seria de se esperar que seu uso do livre arbítrio apresentasse as mesmas inclinações. A explicação da influência de outros espíritos inferiores também pode ser descartada como exposto acima, dado requerer uma regressão infinita para se sustentar.
Qual seria então o fator diferenciador que levaria alguns espíritos originalmente ignorantes e aptos tanto para o bem quanto para o mal a inclinar seu livre arbítrio para o mal, com a intensidade perversa relatada na descrição dos espíritos de décima classe, enquanto outros criados na mesma condição não o fazem?
Uma explicação possível seria que estes espíritos possuíssem vocação inata para o mal, teriam sido criados com ela, o que contraria o princípio da igualdade original na criação e derruba um dos pilares da justiça universal da dinâmica cósmica espírita que é justamente a igualdade geral das existências individuais, uma vez que alguns espíritos já seriam na origem melhores do que outros.
Outra é que esta queda para o mal é feita de modo completamente aleatório, com o espírito optando por este caminho a partir de decisões tomadas na cegueira de sua ignorância moral primitiva, o que implicaria que o acaso interfere na evolução dos espíritos, o que também contraria a dinâmica cósmica, como definida.
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Comentários
Ótimo texto. Seus textos são, fluidos e elegantes.
Mas, no destaque acima você mesmo já solucionou o enigma que propõe quando diz:
"Ora, a ignorância por si só não é boa ou má. É moralmente neutra. Escolhas morais só se definem quando há consciência delas."
Eu já havia tratado deste assunto num debate com o Sr. @Gorducho quando ele me apresentou este texto.
Vamos em princípio ressaltar que estamos falando do Espiritismo e portanto preciso e posso me ater aos seus postulados, os quais foram aqui questionados por Acauan.
Fazendo uma regressão aos primeiros passos da evolução do homem na Terra, vamos encontrá-lo numa série de existências na convivência com predadores que o expunham constantemente aos desafios da sobrevivência.
Já, aqui, alguns pressupostos da Doutrina Espírita serão considerados.
Os Espíritos encarregados da condução do homem em cada etapa de seu destino vão despertando-o para a necessária transposição, desde os atos puramente instintivos, relacionados à própria sobrevivência, à luta diária contra a fome, também os clamores do sexo e surpreendentemente, a proteção de sua prole; isto prevalece, ainda hoje, até alcançar as claridades da razão.
Existe um componente evolutivo e, certamente, o mais importante, que se chama dor, sofrimento.
Ninguém se predispõe à prática do Bem quando o mal é mais atraente e sedutor, mas o resultado das más ações sempre geram os impactos do sofrimento e da dor.
Começa a surgir a consciência do bem e do mal.
É muito importante levar em conta que o resultado de nossas ações são proporcionais ao conhecimento adquirido = experiência + responsabilidade, i. e. o homem da caverna mata e estupra, sua ignorância é o libelo de sua inocência.
Então, o fato providencial e misericordioso é, aprender gradualmente enquanto as responsabilidades também se graduam, isto leva o homem a fazer escolhas "conscientes", como se estivesse antevendo seu próprio carma.
Por isso, na questão 121 de O Livro dos Espíritos, em certa parte está: ... Os que são maus
assim tornaram-se por sua própria vontade.” Já gozavam de consciência plena a respeito do bem e do mal.
Aqui surge uma questão filosoficamente interessante: por que alguns homens, desde o começo, escolhem o caminho do bem e outros, o do mal, enfrentando as consequências.
121. Por que certos Espíritos têm seguido o caminho do bem e
outros, o do mal?
“Eles não têm o seu livre-arbítrio? Deus não criou Espíritos maus; criou-
-os simples e ignorantes, aptos para o bem e para o mal. Os que são maus
assim tornaram-se por sua própria vontade.”
Na verdade todos os espíritos passam pelas mesmas experiências enquanto no caminho da evolução. Não fosse assim, Deus não seria justo.
As grandes alegrias e as grandes dores já foram experimentadas por todos, sem exceção.
Por que alguém deveria ser punido por escolher o mal se não tem noção do que está fazendo?
Por que alguém nascido bom decidiria praticar o mal? Ou será que alguns não nascem bons?
E aí já vêm as inconsistências internas do modelo, como exposto no brilhante Estudo. Es decir: a opção pra via do mal – say escolher ir pro lado (-) do caminho – será
Obrigado!
Índio Velho gosta muito que leiam seus textos e comentem.
Para um debate ser produtivo é indispensável que os envolvidos considerem algumas premissas em comum, do contrário temos um diálogo de surdos ao fim do qual cada parte acha que saiu vencedora do embate de ideias.
Isto resume a questão.
Partindo das premissas Espíritas:
Livro dos Espíritos - Parte 2, capítulo I – Dos Espíritos/ Escala espírita;
Livro dos Espíritos - Parte 3, capítulo VIII - Da lei do progresso;
O Espiritismo Kardecista evidencia algumas influências em sua origem - Catolicismo, Filosofia Aristotélica e Tomista, Positivismo, Sincretismo Esotérico.
Nesta questão, a influência mais clara é uma interpretação das Teorias de Darwin, sendo claro o paralelo traçável entre evolução das espécies e evolução dos Espíritos.
O problema é que Darwin não diz que a evolução MELHORA as espécies, a tese é que as espécies simplesmente se adaptam às mudanças em seu ambiente, enquanto o Espiritismo prega que a evolução intelectual e moral dos Espíritas é uma ordenança cósmica, sob a qual todos os espíritos necessariamente evoluem, progredindo intelectual e moralmente, sendo impossível a regressão.
Esta dinâmica cósmica implica em algumas contradições, a começar da associação entre evolução espiritual e livre arbítrio.
Se existe um ordenança cósmica impondo a evolução, o livre arbítrio moral não existe, sendo o Espírito livre para - no máximo, apenas retardar a evolução com suas escolhas.
O Livro dos Espíritos compara a regressão intelectual e moral a adultos retornarem à infância, o que se sabe impossível.
Ocorre que o livre arbítrio não se aplica na situação citada, não existe a livre opção de um adulto voltar a ser criança, estados integralmente submetidos ao tempo e à biologia.
O que defendo em "A Ética Espírita" é que a Lei do Progresso proposta por Kardec é um eixo orientado no tempo, onde na origem temos Espíritos involuídos e por isto ignorantes e maus, sendo que o tempo, a experiência e o aprendizado necessariamente transformará aqueles espíritos do início em Espíritos Puros, superiores, bons e sábios (Escala Espírita, ordens e classes).
A Lei do Progresso Kardecista pode ser entendido por analogia como inversão da narrativa da Queda no Gênesis bíblico.
Na teologia cristã (com suas muitas variantes) o Homem é criado para a perfeição, faz uma opção pelo pecado e por conta afasta-se de Deus, tornando-se um ser maldito que só pode ser resgatado do mal pela graça divina.
No Espiritismo o estado de queda - ignorância e maldade - é o estado natural e original dos Espíritos, que ascenderão necessariamente ao estado de graça pela somatória de seus esforços guiados por seu livre arbítrio.
Note, mais uma vez a contradição entre "necessariamente" e "livre arbítrio" no trecho acima.
Depois a analogia da criação dos Espíritos em um estado de inferioridade intelectual e moral.
Na Teologia Cristã da Queda, por mais brutal que a narrativa pareça ao cético, pelo menos Adão e Eva fizeram alguma coisa para serem condenados ao estado de degradação. Segundo o Espiritismo, as entidades são criadas neste estado, não ficando claro qual a lógica, bondade ou justiça deste ponto de partida de sua dinâmica cósmica.
É isto.
Note que não estou dizendo que o Espiritismo é certo ou errado, apenas que é contraditório dentro de suas próprias premissas.
LE-1 vem a lume antes d'A Origem. Tanto que lá no 1 os Espíritos hominais não encarnaram antes em "animais" ou vegetais [#127]. Essa cogitação só aparece no LE-2, aí sim c/as teorias darwinistas publicadas.
Decorre da Loi du progrès que já tava em voga; eles encantados com os inventos tecnológicos da época.
No Terra e Céu de '54 o Jean Reynaud fala no princípio sagrado da perfectibilidade e no principe du progrès.
Aliás eu acho que foram esses conceitos pré Darwin que causam a confusão que ainda se observa na percepção popular relativa à ADAPTAÇÃO das espécies ao meio/mudanças do.
nascemos com a mente "vazia" pronta a ser abastecidas por dados do mundo externo, é experimentando interagindo com todos estes dados que passamos a fazer escolhas do que para nós será considerado como bem ou mal, são essas escolhas e preferencias que formam o tipo de personalidade.
Dai que o bem e o mal varia conforme preferencias da personalidade, por exemplo o trabalho para uns pode ser considerado um mal para outros um bem.
Diante dessa subjetividade individual a sociedade criou leis que determinam condutas morais aceitas como sendo boas ou más .
O que determina a moralidade individual do ser isto ou ser aquilo é a personalidade dele.
é impossível poder determinar o certo ou errado sem haver um padrão moral a ser seguido, o social que tenta ser imposto através de punições pode não representar a moralidade de todos.
Se não existir um padrão moral JUSTO para todos então qualquer ação tem ter o mesmo valor e o direito de ser executada
Polêmica cronológica similar pode ser verificada entre a obra de Herbert Spencer, considerado pai do assim chamado Darwinismo Social e a obra de Charles Darwin propriamente dita.
É fato que as obras de Spencer foram publicadas antes de A Origem das Espécies.
Também é fato que as similaridades entre seleção natural e seleção social são grandes demais para serem consideradas coincidências.
Nesta questão cronológica da influência de Darwin tanto sobre Spencer quanto sobre Kardec deve ser considerado que A Origem das Espécies foi publicada em 1859 (mais de dois anos depois da primeira edição de O Livro dos Espíritos), porém Darwin retornou à Inglaterra de sua expedição com o Beagle em 1836.
Nisto temos 23 anos entre as pesquisas de campo e a publicação do livro, tempo suficiente para que as ideias de Darwin se propagassem nos meios intelectuais europeus.
E note que TALVEZ antes o Kardec já tivesse publicado "livros" dos – seriam fascículos ❓
Que não se conhece o conteúdo 🤔
Note que no título geral antes do galho de videira nos Prolegômenos está
LES LIVRES DES ESPRITS
que PODERIA ser resquício dessa eventual publicação anterior 🤔
LE-2 @ 18/3/60.
Por isso falei.
Mas, sim, concordo: já tava rolando a discussão há algum tempo👍
Então não se trata de cada 1 apresentar S/opinião particular sobre ética cósmica mas analisar a Kardecista.
Como falou o Colega @patolino 👍 o Kardecismo – e aliás as outras Religiões modernas também – propõe isso.
O problema aqui são as incoerências internas do modelo, não a proposição relativa à existência de Padrões Cósmicos de moralidade.
Ooops...
Onde escrevi "antes" leia-se "depois" da primeira edição do LE.
Corrigi o original.
O Espiritismo de Kardec se apresenta desde a origem como uma doutrina que concilia religião e ciência.
Em um dos trechos de O Livro dos Espíritos encontra-se a afirmação "se a religião se recusar a acompanhar a ciência, a ciência seguirá sozinha".
Entre a intenção e o fato tem-se a distância de que praticamente todo discurso Espírita é pseudocientífico.
Quanto à Igreja Católica Romana, a oposição ao Darwinismo tem motivações além do obscurantismo científico.
Desde o século XIX o Magistério Católico dava sinais de aceitar a ideia de evolução, mas não a de Seleção Natural.
O principal motivo é que temiam endossar indiretamente o Darwinismo Social de Spencer, que ganhava força em vários círculos intelectuais e políticos da época.
me desculpa seu gorducho ultimamente ando correndo atrás do balão!.....kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
trata-se apenas das minhas reflexões pessoais sobres estas questões do Fernando:
E o que leva uns a serem maus e outros a serem bons?
Por que alguém deveria ser punido por escolher o mal se não tem noção do que está fazendo?
Por que alguém nascido bom decidiria praticar o mal? Ou será que alguns não nascem bons?
mas é coerente apresentarmos outras a éticas para podermos questionar a espirita e pelos motivos que expliquei não ha nenhum padrão moral a ser imposto, logo a minha opinião pessoal é tão valida quanto todas
demais!
Veja: não decidir via LA praticar o mal, mas isso amarrado pelo dogma da Não Retrogradação . Essencialmente todo furo tá neste dogma. "Nascem" no sentido da 1ª encarnação no Reino Hominal🙄 neutros, sem tendências.
Depois, se já ficaram malvados, reencarnarão nessa condição indo ficando gradualmente (-)maus. Tantas encarnações e em mundos apropriados quantas forem necessárias.
O PROBLEMA é que o dogma da Não Retrogradação deveria impedir que ficassem malvados sem antes o serem.
É como, partindo do 0, andar pro lado (-) do eixo da moralidade.
Mesmo que se considere não 0 mas o valor usado na informática NULL, tem que se supor 1 pulo inicial prá malvadeza e daí só melhorando. Es decir: tem que adquirir todo ° máximo de malvadeza – particular de cada alma, claro – instantaneamente ❗
1. ser neutros sem tendências antes da primeira encarnação humana não existem!
Elementar que se almas caninas ditas "inferiores" em relação as que encarnam pela primeira vez no reino humano, ja possuem traços de personalidades agressivas ou mansas de preferencias e comportamentos diferentes, por que então somente as humanas teriam sido agraciadas com a benções da neutralidade?
Alem do que kardecicismo tambem sugere possibilidade da transmigração da almas por todos os reinos biológicos (do átomo ao anjo)
2. tem razão segundo espiritismo nascer neutro e tornar se mal seria poder retroagir na escala espiritual
na minha opinião bem ou mal é sentimento pessoal não tendo nada haver com prêmios ou punições morais, Deus é amoral logo sua leis tambem o são.
então esta questão MORAL de querer punir ou premiar é deveras HUMANA!
As leis físicas de deus atuam independente de moralidades humanas por exemplo a de querer inresponsabilizar proporcionalmente ao grau de inocência, por exemplo tanto faz um cientista, uma criança, ou uma cachorro pular de uma altura todos eles irão sofrer a mesma reação!
provavelmente a moral humana iria tentar poupa-los pela ordem, criança, cientista e cachorro.
imagine uma coisa bem e o mal surge com as DIFERENÇAS
Se todos tivessem exatamente as mesma personalidade não seriam nem bons nem maus
ser mau é ser diferente de deus = ser humano
Você está fazendo um curso qualquer e no seu currículo está a matemática. Nesta ciência as lições partem, obviamente, dos temas mais simples aos mais complexos.
E nesta ordem, já a meio caminho nota-se que alguns alunos se saem melhor que outros e pode acontecer que os de pior desempenho, no início, se recuperem durante a jornada.
Lembrar, inclusive, que ali pode haver alunos que estão repetindo a matéria.
Durante todo o curso, para a avaliação do conhecimento adquirido existem os exercícios e testes.
Mas não haverá reprovação ou certificação até à prova final, quando se completará o curso e se obtenha a nota mínima exigida.
Os reprovados, ou seja, aqueles que não demonstraram conhecimento suficiente da matéria, se matricularão novamente, até que consigam a aprovação e então não precisarão repetir aquela matéria.
Em todos os sentidos é exatamente assim a nossa jornada na Terra. Nossos mestres no acompanham o progresso desde o curso de alfabetização. Em algumas matérias avançamos mais que em outras, mas também repetimos, várias vezes.
A questão da Retrogradação não ocorre, no exemplo dado, pois os reprovados são aqueles que não conseguiram o nível de conhecimento exigido para avançar, ou seja, não retrogradaram, porque ainda não haviam avançado.
Mas é importante observar que as advertências, reprimendas, ou se preferirem, as punições estarão sempre ao nível do aprendiz, ou seja, tanto mais graduado, maiores responsabilidades, mais sérias são as advertências.
A questão do Bem e do Mal pode ser compreendida a partir do fato de que nas primeiras encarnações, nos trogloditas, não existem opções para a prática do Bem e do Mal, são simples e ignorantes. E não existem as tentações pois trata-se de uma vida primitiva sem atrativos. Matam e estupram na instintividade da própria existência. São inocentes.
Até que...
Teologia Kardecista = nonsense. 👍 truismo mas ótimo o Sr. ter sublinhado ❗ Mas só NESTA ordem.
No Kardecismo não tem metempsicose. Es decir: depois da alma "atingir" o "reino" "Hominal"🙄 não irá jamais reencarnar em "animais" (= não hominais 🙄).
Como foi dito acima, a evolução é orientada e dirigida por espíritos que recebem este encargo, mas a mente grosseira não tem a capacidade de sintonia e reflexão, o que dificulta a sua maturidade emocional e intelectual. Com o suceder de centenas de idas e vindas entre os dois planos e, mais que isso, quando os cientistas do espaço invisível atuam no encéfalo da criatura, ainda bruta, e esta apresenta, pela maturidade neuronal e pelo desenvolvimento de algumas estruturas cerebrais - entre elas a Epífise ou glândula Pineal - a capacidade de sintonizar com as inteligências que a cercam de contínuo, passam a lhes captar as influências desconhecidas e o progresso se instaura, lentamente, com claro benefício à coesão e organização tribal. Os recursos da alimentação tornam-se fartos e surge a ociosidade, a cobiça, a inveja... e o crime. Mas não a culpa e o arrependimento.
Novamente, as experiências berço/túmulo (metáfora) aprimoram o sentimento e a razão.
Surge o Homo Sapiens e por influência dos Instrutores Espirituais, também os conceitos rudimentares do Bem e do Mal.
neste caso o dogma da não retrogração de fato anula possibilidade dos seres criados nulos, um tiro no périspirto!
O Roustaing tem mais razão que o Kardec.
Vamos seguir usando O Livro dos Espíritos como referência.
Se os Espíritos não podem regredir, então o nível mais baixo de seu desenvolvimento intelectual e moral é logo após a criação, quando estão na estaca zero do processo de evolução espiritual.
Como é atribuído aos Espíritos Imperfeitos a "propensão para o mal. Ignorância, orgulho, egoísmo e todas as paixões que lhes são conseqüentes", então tais atributos são naturais dos Espíritos recém criados.
Aproveitando a analogia feita com a Matemática, um aluno completamente ignorante na disciplina só pode ser avaliado e classificado na medida em que é apresentado aos seus postulados e instruídos neles.
Enquanto no estado de completa ignorância, não faz sentido avalia-los ou classificá-los.
O mesmo vale para Moral.
Como a moralidade individual se define pelas escolhas morais do indivíduo, só se pode fazer avaliações e classificações morais após o indivíduo ser apresentado às referências morais válidas.
Classificar como mau, orgulhoso e egoísta alguém moralmente ignorante por não ter referências para suas decisões morais é como chamar de burro, imbecil e estúpido uma criança de 04 anos por não saber resolver equações diferenciais.
Disto resulta que é incoerente o eixo direcionado no tempo que sempre leva para o progresso e nunca para regressão, como proposto na dinâmica cósmica Espírita.
Espíritos absolutamente ignorantes são moralmente neutros e só podem ser classificados moralmente a partir do momento que são apresentados às referências morais, assim como estudantes só podem ser classificados depois de começar a frequentar aulas.
Assim, um Espírito moralmente neutro que apresentado às referências morais faz sistematicamente as piores escolhas está regredindo do moralmente neutro para moralmente negativo, tanto quanto o aluno preguiçoso pode ser mal avaliado.
A atribuída "propensão para o mal" que seria inerente aos Espíritos criados só se explicaria se estes Espíritos fossem criados com tal defeito e neste caso o ponto de partida dos Espíritos não seria a ignorância moral e sim a perversão moral, devendo nestes casos o criador explicar as razões desta deficiência.
a questão da evolução espirita é moral
se vale o livre arbítrio para pratica do bem também deve ser respeitada decisão para pratica do mal
continuo praticando ações que eu ja SEI que são más ou seja continuo retrogradando o tempo todo!
esta questão da bondade e da possível evolução humana foi bem definida por jesus:
E eis que, aproximando-se dele um jovem, disse-lhe: Bom Mestre, que bem farei para conseguir a vida eterna?
E ele disse-lhe: Por que me chamas bom? Não há bom senão um só, que é Deus. Se queres, porém, entrar na vida, guarda os mandamentos.
Mateus 19:16,17[/quote]
e qual seria o mérito do bem imposto? o mesmo da agua sempre sendo empurrada para baixo?
todo estuprador acha que pode continuar até acontecer algo que ensine ele a pensar ao contrario!
Oficialmente não temos um padrão moral a ser seguido, daí subjetividade passa ser pessoal.
Na fase atual mesmo tendo consciência ou acreditar que algo seja errado muitas vezes eu retrogo a fazer o errado depois só cabe remorso pelas má ação repraticada
Do ponto de vista Espírita, o conceito de bem e mal são igualmente evolutivos; se aclaram com a evolução da mente.
Há um livro muito bom sobre a evolução, no Espiritismo, do qual metade dos espíritas jamais ouviu falar: Evolução em Dois Mundos.
Numa outra oportunidade pretendo falar sobre as pontuais descordâncias entre as obras de Chico Xavier e as de Allan Kardec.
Bem... Sem querer ser pedante, nós Sapiens não evoluímos dos Neandertais.
Eles eram nossos primos, não nossos antepassados.
Sim, há um ponto de vista Espírita sobre moral e ética.
Mas o assunto já vem sendo tratado em profundidade há mais de 2500 anos pela Filosofia e pela Teologia.
Kardec bebe destas fontes, mas... não acrescenta nada a elas.
Como dito, o conceito de evolução foi extrapolado no século XIX para muito além do que Darwin e outros evolucionistas propunham, exemplo do também já citado evolucionismo social de Spencer.
Outras correntes uniram evolucionismo a esoterismo e deu num pastiche, vide Madame Blavatsky, que surpreenderia hoje acreditar o quanto ela foi levado a sério, não fosse o fato que gente do tipo é levada a sério até hoje.
Espiritismo Kardecista surge nesta mixórdia de esoterismo, cientificismo e religião, sendo muito difícil tirar uma Teoria da Moral significativa desta confusão.
OU
2) se já as têm ⇒ Retrogradação, contrariando respectivo dogma. Então retrogradaram moralmente ou foram pro lado do mal por mero acaso não havendo aí Retrogradação. Es decir, nesta alternativa como foi observado no Estudo em tela.
Tema válido pra Exegeses Doutrinárias via metodologia Escolástica.
Os neandertais viviam na Europa e Ásia enquanto que o homo sapiens veio da África.
Estiveram em contacto por algum tempo, mas depois os neandertais se extinguiram.
A ciência não sabe exatamente como isto se deu e eu mencionei, como fator diferencial, a presença do Neocórtex, camada mais externa do cérebro dos mamíferos, mas com componentes mais aprimorados no H. Sapiens.